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A disseminação científica através da revista O Instituto

O IC tinha, porém, vivido períodos de glória. Foi n’O Instituto que surgiram alguns dos mais importantes trabalhos científicos efetuados em Portugal, especialmente na segunda metade do século XIX, numa altura em que não abundavam publicações congéneres no nosso país e em que a cidade de Coimbra sobressaía na paisagem académica nacional. Cerca de um quinto (18% dos artigos e 17% das páginas) de toda a publicação, ao longo de 130 anos e de 141 volumes, é dedicado à Ciência (proveniente da II classe do IC), em oposição a artigos de Literatura e Belas Artes, Ciências Morais e Sociais (emanados das I e III classes do IC) e aos artigos que respeitavam a uma “parte oficial”, que este periódico esteve obrigado a publicar nos primeiros volumes. Os artigos de Química e de Física (onde incluímos a Astronomia) corresponderam a 40% de todos os artigos de Ciência. Em relação às restantes áreas científicas, reconhece-se, claramente, um maior peso das áreas de Medicina e Matemática (incluindo a Geometria), sendo estas as áreas com mais artigos, ombreando em quantidade com a Física e a Química. A Biologia surge, maioritariamente, com artigos relativos a Botânica e Zoologia, designadamente catálogos taxonómicos de espécies do nosso país e das colónias ultramarinas. A pequena percentagem de artigos no âmbito da Biologia não será alheia ao facto da existir em Coimbra a Sociedade Broteriana, por iniciativa do botânico Júlio Henriques, que iniciou em 1882 a publicação do seu Boletim, uma revista de caráter científico. A Antropologia e a Paleontologia posicionam-se logo atrás, com vários artigos relativos a medidas biométricas da população portuguesa. Em último, com menor número de artigos, surge as Ciências da Terra (Geologia e Mineralogia).

Para além de O Instituto, os restantes jornais científicos (relativos a várias ciências) existentes em Portugal no início do século XX eram os Annais Scientíficos da Academia Politécnica, fundado no Porto pelo matemático Francisco Gomes Teixeira e publicado de 1905 a 1922, e o Jornal de sciencias mathematicas physicas e naturaes, publicado sob a égide da Academia de Ciências de Lisboa entre 1866 e 1924. Esta situação demonstra a importância d’ O Instituto para o estudo da evolução da Ciência, não apenas em Coimbra mas em todo o país.

Nas sínteses históricas que se seguem, pretendemos evocar a evolução das principais áreas científicas em Coimbra e na sua Universidade, tendo por contexto a atividade do IC e por fontes primárias os artigos publicados na revista O Instituto. A descrição incide principalmente na segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX, centrando-se nas individualidades, associados do IC, que estudaram na UC e/ou aí desenvolveram parte importante da sua carreira científica.