Episódio #5 | OneAquaHealth: a importância dos ecossistemas aquáticos das cidades para salvaguardar a saúde humana
Financiado pelo Horizonte Europa da Comissão Europeia, com quase 5 milhões de euros, o projeto de investigação “Proteger os Ecossistemas Aquáticos Urbanos para Promover Uma Só Saúde” (OneAquaHealth), liderado pela Universidade de Coimbra, está em curso até ao final dezembro de 2026, e pretende sublinhar a importância dos ecossistemas aquáticos situados em zonas urbanas para a saúde dos seres humanos.
© UC | Ana Bartolomeu
Foram pistas lançadas por investigações anteriores, que revelaram a importância dos ecossistemas urbanos – como as ribeiras – para a saúde das pessoas que fizeram nascer o projeto de investigação “Proteger os Ecossistemas Aquáticos Urbanos para Promover Uma Só Saúde” (OneAquaHealth).
Liderado pela Universidade de Coimbra, com um financiamento de quase 5 milhões de euros atribuídos pelo programa Horizonte Europa promovido pela Comissão Europeia, a investigação tem como missão central dar a conhecer, valorizar e melhorar os ecossistemas urbanos, demonstrando que “a saúde dos ecossistemas de água doce e a saúde e o bem-estar humano em contextos urbanos estão altamente interligados, e que a melhoria de um resulta na melhoria do outro”, destaca a investigadora do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da UC e do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Maria João Feio, que coordena o projeto.
Os ecossistemas urbanos funcionam como corredores verdes e azuis dentro das cidades, que podem melhorar a vida das pessoas, pois permitem aos habitantes “relaxar, diminuir o seu nível de stress, diminuir o batimento cardíaco e a pressão arterial”, destaca Maria João Feio. Apesar desta feliz possibilidade de estarem presentes no nosso dia a dia, estes espaços, que são habitados por inúmeros seres vivos, têm vindo a ser muito afetados por conta da crescente urbanização que retira espaço à natureza.
A poluição da água, a presença de espécies invasoras, os cortes dramáticos de vegetação ou a artificialização das margens são alguns aspetos de perturbação para estes ecossistemas ribeirinhos, existentes em zonas urbanas. Pelo que a preservação e recuperação destes espaços serão essenciais, pois, como refere Maria João Feio, “se nós pensarmos que estas ribeiras estão por toda a cidade, e se todas elas tiverem as margens com uma vegetação ripária típica preservada, nós teremos não só um efeito de diminuição da temperatura, mas um aumento da humidade do ar na época seca, uma melhoria da qualidade do ar por causa da vegetação, uma melhor sustentação dos solos, por parte das árvores adaptadas à água, que também filtram a água e fazem melhorar a sua qualidade”.
Assim, um dos objetivos centrais do “OneAquaHealth”, que reúne uma equipa de investigadores de áreas multidisciplinares – desde a saúde à ecologia, das ciências sociais à informática - e 14 parceiros pertencentes a 10 países europeus, passa precisamente por demonstrar que a qualidade dos ecossistemas ribeirinhos, nomeadamente aqueles que estão presentes nas cidades, é muito importante para salvaguardar a saúde humana. Maria João Feio, acrescenta ainda que “quando falamos da qualidade do ecossistema temos já subjacente a saúde também dos organismos que existem nestes ecossistemas, tanto na parte aquática como nas margens, porque tudo isto faz parte do ecossistema ribeirinho”.
Por outro lado, o projeto contempla ainda uma componente de aplicação, através da construção de ferramentas e formas de informar acessíveis aos decisores políticos, no sentido de promover a proteção dos ecossistemas ribeirinhos urbanos e, sequentemente, a saúde humana. Segundo a líder do projeto, pretende-se assim “informá-los, sensibilizar a população em geral”, reconhecendo que “são atores muito importantes na preservação dos ecossistemas, principalmente aqueles que estão perto de casa”.
O envolvimento dos cidadãos e a disponibilização de ferramentas são aspetos essenciais do projeto “OneAquaHealth”, estando na base da criação de um website que funciona como um hub, onde é possível visualizar graficamente como evolui a saúde do ecossistema ao mesmo tempo que são disponibilizadas ferramentas que indicam como recuperar o ecossistema, tendo por referência os aspetos considerados fundamentais também para a salvaguarda da saúde das populações.
A este propósito, Maria João Feio especifica: “queremos envolver os cidadãos e vamos dar-lhes ferramentas como uma aplicação, através da qual nos vão poder dar informações sobre as ribeiras que existem perto de casa, ou onde passam todos os dias, por exemplo, a caminho do trabalho”.
A coordenadora do projeto, reconhecendo a dificuldade de monitorização fina destes ecossistemas, por parte das autoridades competentes, prevê que a disponibilização desta ferramenta se assuma como uma mais-valia, dado que “os cidadãos, ao contribuírem de forma estruturada através desta aplicação, vão fazer aumentar muito a quantidade de dados a que nós vamos ter acesso e vão permitir também decisões mais informadas”.
Para a líder da investigação, o alcance deste projeto seria mesmo a mudança na forma como estes ecossistemas são tratados e considerados. “Ao demonstrar que os impactos da urbanização na degradação dos ecossistemas levam à perda de serviços muito importantes para a vida das pessoas”, como a mitigação dos extremos climáticos, o “OneAquaHealth” pretende promover uma reação contrária, “que é levar à recuperação destes ecossistemas”, conclui Maria João Feio.
Assista ao vídeo sobre o OneAquaHealth
Ficha Técnica
| Nome |
Proteger os Ecossistemas Aquáticos Urbanos para Promover Uma Só Saúde (OneAquaHealth) |
| Coordenação |
Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Coimbra e Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra |
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Website |
https://www.oneaquahealth.eu/ |
| Duração |
4 anos (1 de janeiro de 2023 a 31 de dezembro de 2026) |
| Financiamento | 4 939 558 euros |
| Entidade financiadora |
Horizonte Europa da Comissão Europeia |
| Número de investigadoras envolvidas | 15 (9 investigadores doutorados e 8 estudantes de doutoramento e mestrado) |
| Áreas de investigação envolvidas |
Artes Performativas, Ciências Sociais, Ecologia (várias especialidades, nomeadamente aves, anfíbios, invertebrados, peixes, algas, plantas), Ética e Direito Ambiental, Informática, Medicina, Medicina Veterinária, Saúde Pública, Sistemas de Observação Terrestre (satélites) |
Produção e Edição de Conteúdos: Ana Bartolomeu, DCOM, Catarina Ribeiro, DCOM e Inês Coelho, DCOM
Imagem e Edição de Vídeo: Ana Bartolomeu, DCOM e Marta Costa, DCOM