Branca de Neve e os 700 anões
de José Villhena
José Vilhena foi talvez o humorista que mais conseguiu exasperar o aparelho repressivo do Estado Novo, porque nos seus álbuns, como bem nota o censor, «todos os assuntos indesejáveis são largamente exibidos». Na exibição e desmontagem da hipocrisia social desses tempos não poupava ninguém, autoridades, religiosos, militares, juízes, ou funcionários corruptos.
PROIBIDO DE CIRCULAR
Ouve aqui a opinião do censor, lida por Mário Montenegro (Marionet)
Relatório do Major José de Sousa Chaves, 20 ago. 1962 com o Despacho de proibição de 22 do mesmo mês:
«Este livro cínico e despudorado revela uma ousadia que bem se pode qualificar de desafio às Autoridades, pois que abertamente as ataca, e apresenta textos em que todos os assuntos indesejáveis são largamente exibidos. Assim, faz abertamente propaganda comunista, achincalha com diatribes dissolventes a Família, a ordem social e a religião católica, é escrito com linguagem desbragada, tem passagens da mais baixa obscenidade, ilustrações imorais e, tão maciça é a sua inconveniência, que ocioso se torna fazer citações.
Acresce que anuncia as obras já proibidas do mesmo autor e a próxima continuação de uma delas.
Julgo portanto que este livro não pode deixar de ser proibido de circular no País.»