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Nótula histórica

O Nascimento da Química na Universidade de Coimbra

A Universidade de Coimbra foi fundada pelo rei D. Dinis em 1290. Depois de várias transferências da Universidade entre Coimbra e Lisboa, em 1537, no reinado de D. João III, a Universidade é definitivamente instalada em Coimbra. Nesta data dá-se uma grande reforma nos estudos com ingresso de novos professores nacionais e estrangeiros. No século XVIII, durante o reinado de D. José, o Marquês de Pombal procedeu a uma reforma profunda no sistema universitário, nomeadamente pelo desenvolvimento das ciências da natureza e ciências exactas, incluindo o ensino da química, que até então estavam pouco desenvolvidas nesta Universidade. Dentre as medidas de grande alcance desta reforma sobressai a introdução do método experimental no estudo das ciências. Foram, então, criadas duas novas Faculdades, Matemática e Filosofia, funcionando nesta última o curso filosófico que tinha a duração de quatro anos. O último ano era ocupado com o estudo de "Química Teórica e Prática". Ordenavam os novos Estatutos a construção de um Laboratório destinado à Química, edifício que ficou concluído no início do ano lectivo 1775/76. Existe no Departamento uma planta prévia do edifício rubricada pelo punho do Marquês, o que mostra o empenho deste na reforma universitária que empreendeu. Assim nasceu o "Laboratorio Chymico" que serviu de instalação ao Departamento de Química durante duzentos anos.

Laboratorio Chimico

Embora no decurso do século XIX fossem aparecendo no País algumas Instituições dedicadas ao Ensino e Prática da Química, o Laboratório Chymico foi a única existente a nível universitário até à criação das Universidades de Lisboa e do Porto, em 1911.
Apesar da Reforma Pombalina não ter sido levada até ao fim, o interesse pelo cultivo da química na fase inicial é manifesto, sendo de registar como acontecimento marcante da época, o aparecimento em 1788 do primeiro volume de um Compêndio de química intitulado "Elementos de Chymica", escrito pelo professor de química Vicente de Seabra, sendo o segundo volume publicado em 1790. Trata-se de uma obra verdadeiramente notável, apresentada na linguagem da nova nomenclatura química, apesar de escrita apenas um ano depois da publicação do “Méthode de Nomenclature Chimique” da autoria de Lavoisier e seus colaboradores e professando as novas teorias desenvolvidas pelo mesmo Lavoisier, embora tornado público um ano antes do próprio "Traité Elémentaire de Chimie" de Lavoisier. Por ele se vê que o Laboratório Chymico da Universidade de Coimbra se posicionou, desde os primeiros momentos da sua existência, na vanguarda do conhecimento de química da época.

Vicente Seabra

A história perturbada do Portugal do século XIX nem sempre permitiu à Universidade acompanhar de perto os avanços que lançaram o edifício da ciência moderna. A decadência científica foi-se acentuando entre nós e por meados do século a Universidade encontrava-se numa situação de confrangedora pobreza. Porém, é grato registar que a partir dos meados do século XIX, se registou um enorme esforço no sentido da recuperação que rapidamente se traduziu de imediato na adaptação das instalações às exigências da nova química, na aquisição de equipamento laboratorial, na organização da biblioteca, na publicação de livros de texto e na ligação a centros estrangeiros. Embora o curso filosófico se tivesse vindo a abrir às especialidades científicas que se foram individualizando, no começo do século XX ele abrangia, ainda, física, química, botânica, zoologia e geologia. A especialização científica entra efectivamente no ensino com a reforma de 1911. As Faculdades de Matemática e de Filosofia ("filosofia natural", isto é, "ciências") foram reunidas numa única, a Faculdade de Ciências, por sua vez dividida em secções e estas em grupos. A Química constituía um dos grupos da secção das Ciências Físico-Químicas. Passou então a ser concedido o grau de bacharel em Ciências Físico-Químicas após conclusão de um curso de 4 anos, constituído por duas disciplinas de Matemática, cinco de Física, seis de Química, três de Mineralogia e Geologia, uma de Bioquímica e uma de Zoologia. Em 1918 a Faculdade passou a conceder o grau de licenciado em Ciências Físico-Químicas e a partir de 1964 passaram a ser concedidas, separadamente, licenciaturas em Física e em Química. A arrancada da química portuguesa dá-se efectivamente nos anos 20-30, cabendo à Química de Coimbra um papel importante pela sua posição pioneira. Em 1972, com a criação dos cursos de engenharia, a Faculdade de Ciências passou a Faculdade de Ciências e Tecnologia, reforma que ao estender o ensino para as ciências aplicadas, veio revigorar o papel da química na Faculdade.

Em 1974 o Departamento deixou o velho edifício pombalino e passou para as novas instalações, situadas na zona universitária da Alta de Coimbra, as quais reunem excelentes condições para responder às necessidades actuais do ensino e da investigação da química.

O Departamento de Química na Actualidade

O Departamento de Química é uma unidade de ensino e investigação integrada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

O Departamento ministra o ensino da química das licenciaturas em Química e Química Medicinal e assegura o ensino de várias disciplinas de química para outras licenciaturas e mestrados. Além dos cursos de licenciatura, funcionam cursos de mestrado em Química, Química Medicinal, Química Forense doutoramento em Química. O número de alunos das licenciaturas, mestrado e doutoramento em química é actualmente cerca de 400  e o número total de alunos que frequentam disciplinas do Departamento é mais de um milhar.

Departamento na actualidade

A investigação científica está organizada em grupos de investigação integrando Centros de Investigação dos quais, o que abrange um maior número de docentes e investigadores é o Centro de Química de Coimbra. A produção científica cifra-se numa média de 140 publicações por ano. A par da actividade de ensino e de investigação é ainda de registar a acção que o Departamento tem tido no apoio científico e técnico à indústria e à comunidade em geral, através dos seus laboratórios ou na orientação e participação de infra-estruturas criadas especialmente para este fim.

O Departamento de Química possui uma Biblioteca com valiosas colecções das principais revistas científicas publicadas no mundo inteiro. Esta Biblioteca é procurada por grande número de profissionais de todo o País. A posição única que ocupa no contexto nacional, levou o Governo a concerder-lhe em 1980 o estatuto de Biblioteca Universitária Nacional do Ramo Científico de Química.