Figuras da Ficção
Coordenador: Carlos Reis
Equipa
Ana Paula dos Santos Duarte Arnaut
Ana Teresa Peixinho de Cristo
António Apolinário Caetano da Silva Lourenço
Carlos António Alves dos Reis
Maria Cristina de Almeida Mello Laranjeira
Maria do Rosário da Cunha Duarte
Maria Helena Jacinto Santana
Maria João Albuquerque Figueiredo Simões
Maria Marta Dias Teixeira da Costa Anacleto
Marisa das Neves Henriques
Marisa Isabel Mateus Pêgo
Rosa Maria Batista Goulart
Caracterização
1. Objectivos
O projecto de investigação Figuras da Ficção assume como propósito central o estudo da personagem ficcional, entendida como categoria fundamental do discurso literário e especificamente dos textos narrativos ficcionais. Esse estudo será desenvolvido tendo-se em atenção diversos critérios de abordagem e diferentes parâmetros de existência da personagem ficcional. Derivadamente, o projecto contemplará também relações transliterárias que a personagem ficcional permite, tendo em conta a sua existência noutros discursos, designadamente não literários.
2. Âmbito
O âmbito fundamental do projecto de investigação é a personagem literária, tal como tem sido elaborada na literatura ocidental desde que a narrativa literária – e em especial o romance – assumiu a relevância institucional e o índice de aperfeiçoamento estético que lhe são reconhecidos. De um ponto de vista histórico, a personagem de que aqui se trata é a que se encontra representada sobretudo na literatura portuguesa, desde finais do século XVIII e até aos nossos dias, num lapso temporal de cerca de dois séculos. É nesse lapso temporal que se encontram as grandes narrativas em que se processou a afirmação e a consolidação da categoria personagem.
Falar em Figuras da Ficção obriga-nos a uma mais precisa definição do âmbito de desenvolvimento deste projecto. Entendendo-se aqui a questão da figuração numa acepção deliberadamente plurissignificativa, ela corresponde sobretudo a procedimentos de formulação discursiva e ontológico-narrativa que se inscrevem em três domínios particulares: o domínio da semântica da ficção, o domínio da História ou mais especificamente da história literária; o domínio da genologia.
Em termos sintéticos, pode dizer-se que os domínios de trabalho que assim se definem apontam para uma vasta releitura e mesmo para a eventual reformulação da teoria da personagem, em articulação estreita com a constituição de uma história da personagem, naquilo que à literatura portuguesa diz respeito.
Ao mesmo tempo, os domínios fixados não anulam a possibilidade (aqui entendida como hipótese de trabalho colateral, mas também relevante) de uma extensão da teoria e da história da personagem a práticas discursivas do nosso tempo: o cinema, a televisão, a banda desenhada, etc. Essas práticas discursivas são tanto mais interessantes quanto é certo que não raro elas exibem uma discreta ou manifesta matriz literária (p. ex., no caso das adaptações).
3. Enquadramento metodológico
A demarcação de campos de acção autónomos a que acima se procedeu envolve já atitudes operatórias directamente conexionadas com certas orientações metodológicas e epistemológicas que aqueles domínios convocam. Contudo, parece pertinente estabelecer, de forma agora mais explícita, marcos de referência metodológica autónomos que, desejavelmente em relação de complementaridade, orientem os rumos da pesquisa.
Assim e conforme é em geral reconhecido, a narratologia ou teoria semiótica da narrativa facultou, nas últimas três décadas, instrumentos de análise e de reflexão teórica que naturalmente são fundamentais num projecto de investigação como o presente.
Ao mesmo tempo, reconhece-se que uma indagação em torno da personagem ficcional não pode ignorar a dimensão transnacional e transliterária de uma tal categoria. Sem prejuízo daquilo que o desenvolvimento do projecto venha a sugerir, abrem-se aqui, pelo menos, duas pistas de trabalho autónomas: a pista da comparatística e a pista dos estudos culturais.
Num outro plano de reflexão, o estudo da personagem pode e deve cruzar-se com os contributos facultados por dois grandes domínios de estudo: o domínio dos estudos post-coloniais e o domínio dos estudos femininos.
4. Aberturas
Desenvolvendo-se no âmbito do Centro de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e integrando no seu programa de trabalho investigadores adstritos àquela unidade de investigação, o projecto Figuras da Ficção abre-se a campos literários e a investigadores de outras universidades e países. Assim, embora contemplando, em primeira instância, a literatura portuguesa como grande área de actuação, o projecto deverá proceder a extensões que abarquem também, em perspectivas metodológicas a isso ajustadas, outras literaturas de língua portuguesa.
Actividades
1º Colóquio Figuras da Ficção, 14 e 15 de julho de 2005, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
2º Colóquio Figuras da Ficção, 23 e 24 de abril de 2007, Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
3º Colóquio Figuras da Ficção, 7 de março de 2012, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
4º Colóquio Figuras da Ficção, 4 e 5 de novembro de 2013, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Publicações
Reis, Carlos (org.), Figuras da Ficção, Coimbra: Centro de Literatura Portuguesa, 2006.
Reis, Carlos (coord.), Figuras da Ficção [blogue], Coimbra: Centro de Literatura Portuguesa, 2012.
Reis, Carlos (coord.), 'Figuras da Ficção', Revista de Estudos Literários, Volume 4 (2014) [em preparação].