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Complexo Aira/Corynephorus
O PNSE possui os únicos cervunais permanentes em Portugal; a estes estão associados sistemas de lagoachos. Estes habitats foram considerados de interesse comunitário prioritário (Directiva 92/43/CEE para o estabelecimento da Rede Natura 2000) e a sua preservação está regulamentada a nível nacional (Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril – Anexo B-1, 6230). Na literatura, as espécies comummente descritas para os cervunais são: Nardus stricta, Festuca henriquesii, F. nigrescens, F. rothmaleri e Danthonia decumbens. No entanto, no decurso do projecto de investigação que temos vindo a desenvolver tem-se verificado que o levantamento florístico dos cervunais permanece incompleto e incorrecto. A caracterização rigorosa da flora deste ecossistema é essencial para o seu conhecimento profundo e preservação. Um dos grupos de gramíneas de grande interesse nos cervunais pertence ao complexo Aira/Corynephorus. Este é um grupo de géneros relacionados (Fig. 3), cuja unidade é conferida pelas suas espiguetas com duas flores extremamente pequenas e de distribuição essencialmente em torno da região do Mediterrâneo. Dos 6 géneros que constituem este complexo, num total de cerca de 25 espécies, 5 existem no PNSE: 3 nos cervunais (Aira, Holcus e Periballia), 1 nos lagoachos associados aos cervunais (Antinoria) e 1 nas zonas de altitude de solo seco (Corynephorus).
O género Antinoria Parl. tem 2 espécies. A única que existe em Portugal, A. agrostidea (DC.) Parl., é exclusiva dos lagoachos do PNSE (Fig. 4 e 5) cobrindo muitas vezes a superfície da água com uma cor violácea.
Em Periballia Trin. as panículas são tão delicadas que se assemelham a pequenas ‘nuvens de spray’. P. laevis (Brot.) Asch. et Graebn. forma extensos arrelvados, amarelados no final da estação (a partir de Julho). Vastas áreas do PNSE são cobertas por esta espécie; pode ser confundida com Agrostis truncatula Parl. que, no entanto, forma arrelvados avermelhados e é ligeiramente maior (Fig. 8). No PNSE, para além de P. laevis existe P. involucrata (Cav.) Janka que tem uma panícula com os ramos inferiores curiosamente desprovidos de espiguetas (Fig.10).
![]() Fig. 10. Panícula de Periballia involucrata com os ramos inferiores curiosamente desprovidos de espiguetas.
Fig. 11. Holcus lanatus, com as panículas rosa quase branco. O género Aira L. é representado do PNSE, por duas espécies A. praecox L. (muitas das vezes associada a P. laevis) e A. caryophyllea L. que apresenta uma inflorescência muito delicada e que pode ser utilizada em arranjos secos (Fig. 12). Fig. 12. Aira caryophyllea, com as panículas delicadas e que podem ser utilizadas m arranjos secos (adaptado de Darke & Griffiths, 1994). Estes 5 géneros estão relacionados e o esclarecimento dos processos evolutivos que estiveram na sua origem poderá desvendar aspectos misteriosos da capacidade das gramíneas para colonizar grandes áreas. (texto de Mara Cristina & Prof. Dra Fátima Sales, Universidade de Coimbra) |
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