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Universidade de Coimbra, Alta e Sofia — Salvaguarda e Autenticidade

O Plano é uma ferramenta viva de apoio à gestão do bem, garantindo a sua conservação, salvaguarda e evolução, ao serviço da Universidade.

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Alfredo Dias

Vice-Reitor para o Património, Edificado e Turismo, Universidade de Coimbra

O objetivo de Salvaguarda e Autenticidade de um dado Património tem, em princípio, um significado inequívoco, independentemente do Bem em causa. No entanto, a forma de o garantir tem, necessariamente, uma relação estreita e intrínseca com as suas características. No caso de um bem como a Universidade de Coimbra, Alta e Sofia, tal representa, só por si, um vasto e exigente desafio.

Em qualquer estratégia de garantia da Salvaguarda e Autenticidade, a conservação e proteção constituem, per se, componentes centrais e estruturais que, apesar de necessárias, são largamente insuficientes, pela relação indissociável do Património e contexto em que se integra.

No caso de uma universidade, esta relação, quase simbiótica, ressalta num ecossistema bastante diversificado, vivo, e particularmente dinâmico. Uma universidade que não produza e transmita conhecimento, com excelência, não cumpre a sua missão. O sucesso desta missão está dependente de uma academia inspirada e motivada, suportada pelas condições adequadas, em cada momento e em cada local, assumindo aqui o Património uma função nuclear e decisiva.

O sucesso da Universidade de Coimbra (UC), ao longo dos últimos sete séculos, muito se deve à sua capacidade de adaptação, reinvenção e resiliência.

Ao longo do tempo, verificaram-se mudanças mais ou menos acentuadas, mas será consensual dizer que, em poucos momentos, a velocidade e o carácter disruptivo dessas mudanças foram tão intensos como atualmente. As exigências são particularmente importantes no caso do Património, exponenciado desde o momento em que, em 2013, o seu valor Universal e Excecional foi reconhecido pela Unesco.

Uma visão superficial poderia sugerir que os desafios inerentes se revestiam de alguma incompatibilidade, e até mesmo inviabilidade, mas uma análise detalhada, olhando para os últimos 12 anos, não só desconstrói esta teoria, como evidencia o benefício da interconetividade.

Num contexto tão competitivo e com recursos tão escassos, tal só é possível com um fortíssimo empenhamento e compromisso, alicerçados numa estratégia consolidada, apoiada por um planeamento rigoroso e eficaz que se reflete nos documentos e ferramentas de gestão e, de forma particular, no Plano de Gestão.

A primeira versão do Plano de Gestão foi desenvolvida no âmbito do processo de candidatura, sendo expetável a sua revisão e atualização, em alinhamento com o dinamismo das mudanças do contexto interno e externo à Universidade de Coimbra (UC).

Este trabalho, iniciado aquando da comemoração dos dez anos da inscrição, está agora a entrar na sua reta final. Um primeiro passo consistiu na análise do percurso realizado na última década, bem como da visão que a academia e a sociedade têm dessa evolução, em particular dos seus sucessos e insucessos. Como se impõe a qualquer plano, os objetivos traçados estão alinhados com a estratégia, que, neste caso, nos reporta para a Proteção e Salvaguarda do Património, sempre em estreita articulação com a missão da Universidade e com a cidade de Coimbra.

A sua concretização assenta em linhas de ação e metodologias realistas e executáveis, compatíveis com as necessidades e os recursos disponíveis, que permitem construir histórico, aferir a eficácia do que é concretizado e apontar caminhos para o futuro, identificando oportunidades de melhoria contínua.

O Plano é uma ferramenta viva de apoio à gestão do Bem, garantindo a sua conservação, salvaguarda e evolução, ao serviço da Universidade.

O Plano de Gestão deve, acima de tudo, ser o nosso Plano, para gestão do nosso Património, onde todos temos a nossa responsabilidade, tal como o nosso protagonismo. Se assim for, estamos não só a cumprir o compromisso assumido em 2012, mas, mais do que isso, a continuar a tarefa herdada de valorizar este Património, de valor incalculável, construído ao longo dos últimos 735 anos.