A saúde mental resulta de um conjunto de factores biológicos, psicológicos, sociais, e de contexto. A evidência empírica sugere que aspectos do ambiente podem influenciar a saúde mental para além das características individuais, i.e. o efeito da vizinhança/lugar.
Na última década análises estatísticas multi-escala confirmaram que o contexto
tem efeito sobre a saúde independentemente, ou para além, das características
individuais.
O ambiente social é influenciado pelas dimensões de estabilidade residencial (e.g., alojamento permanente e migração), estrutura familiar (e.g., isolamento), capital e coesão social, qualidade do ambiente construído e composição étnica. Por outro lado, as mudanças sociais constituem-se como poderosos “determinantes” da saúde; as crises económicas estão associadas ao aumento das doenças mentais e, em alguns casos, à diminuição da esperança de vida (morre-se mais e mais cedo).
O Estudo Epidemiológico Psiquiátrico-2009 mostrou Portugal como um dos países europeus com maior prevalência de doença mental. A evidência científica focada no tratamento aponta estratégias mais custo-efetivas para lidar com este grave problema. Falta, no entanto, aprofundar o conhecimento do impacto das características do local de residência na saúde e na doença mental, particularmente durante uma crise económica.
As recomendações finais deste estudo indicarão acções, programas e politicas com possíveis impactes positivos, sobretudo na protecção dos grupos mais vulneráveis às crises financeiras.
A Saúde Mental é um fenómeno multidimensional, associado a contextos
particulares, onde indivíduos e grupos interagem, requerendo uma abordagem
metodológica no campo da epidemiologia espacial.
Assim, após as estatísticas base, irão ser efetuados mapeamentos e padronizações clássicas, procedimentos de análise de correlação, clustering espaciotemporal, áreas de risco, modelos de regressão multivariada e sistemas de informação geográfica, entre outros.