/ Caminhos na UC

Episódio #65 com Sílvia Silva

Duas décadas a ligar a Universidade de Coimbra ao mundo

Publicado a 27.11.2025

Quase a completar vinte anos de percurso na Universidade de Coimbra (UC), Sílvia Silva veio de Aveiro, em 2006, para uma experiência de seis meses nesta casa. Essa experiência – um estágio curricular – prolongou-se pela vida. Hoje ocupa a função de chefe da Divisão de Relações Internacionais (DRI), um cargo que lhe permite conhecer o mundo. Mas, acima de tudo, permite-lhe fazer o que mais a apaixona: o contacto próximo com pessoas de outras nacionalidades e a criação de novas pontes entre instituições de várias partes do mundo.

Quando e como começou o seu percurso na Universidade de Coimbra?

Cheguei à Universidade de Coimbra em 2006 depois de concorrer para realizar um estágio curricular no âmbito da minha licenciatura na Universidade de Aveiro. Após a defesa do projeto de estágio, a Dra. Filomena – então coordenadora da DRI – perguntou se gostaria de continuar a colaborar com a UC. E assim foi. Primeiro trabalhei em regime de prestação de serviços, depois com contratos ligados ao Programa Erasmus, até integrar os quadros da instituição. O que era para ser uma experiência de seis meses acabou por tornar-se toda a minha vida profissional.

Como é que surge o interesse pela área das relações internacionais?

É algo que vem de muito cedo, desde miúda. Sempre gostei da relação interpessoal, de comunicar com pessoas e de estabelecer ligações. E no ensino superior percebi que a relação além-fronteiras, entre povos e países, permite muitas coisas boas – nomeadamente criar e aprender com os outros. E foi partir desta perceção que nasceu o “bichinho” das relações internacionais.

Atualmente, é Chefe da Divisão de Relações Internacionais da Universidade de Coimbra. O que mais gosta no seu trabalho?

Sem dúvida, a possibilidade de criar pontes e relações com outras pessoas, sejam nacionais ou internacionais. Gosto de aprender, de perceber como é que outras instituições trabalham, e de criar novas ligações para proporcionar boas oportunidades para os nossos estudantes. Por exemplo, quando estamos a negociar uma nova parceria, tentamos perceber o que vem de bom desse acordo para os estudantes da UC, ou o que é que nós podemos oferecer aos alunos que querem vir para cá em mobilidade.

Fez mobilidade enquanto estudante do ensino superior?

Não. Inscrevi-me para fazer Erasmus, mas não cheguei a ir por motivos pessoais (a minha mãe adoeceu no verão antes de eu sair em mobilidade e preferi ficar em casa, perto dela). Mas ficou sempre aquele “gostinho” por uma experiência de mobilidade. E, como não consegui fazer mobilidade enquanto estudante, vim fazê-la para o resto da vida, ao estar ligada à área das relações internacionais na Universidade de Coimbra.

Que conselho daria a um estudante da UC que esteja a planear fazer mobilidade?

Arriscar. Mas arriscar com responsabilidade, lendo os guias – que é algo muito importante e, hoje em dia, os estudantes muitas vezes leem os documentos de forma enviesada. Desde que todos os procedimentos sejam seguidos, devem arriscar. A mobilidade não é só uma experiência académica, é uma experiência muito boa a nível pessoal. Vamos uma pessoa e voltamos sempre uma pessoa completamente diferente.

É muito importante experienciar esta vivência, estar fora de casa sem os pais e aprender a cozinhar ou a tratar da casa. Podem parecer coisas básicas, mas para muitos estudantes são, de facto, uma novidade. Claro que haverá sempre momentos difíceis, naturalmente. Mas com ajuda tudo se resolve – nem que seja fazer um arroz via chamada telefónica! – e isto faz parte do crescimento. Perante tudo isto, é preciso ir de mente aberta e, como costumo dizer, de "coração aberto” para que possam receber esta experiência.

E para estudantes internacionais que ponderam vir estudar para a UC, que mensagem deixaria?

A Universidade é uma universidade antiga – já temos 735 anos – o que pode levar as pessoas a pensar que é uma universidade unicamente histórica. Pelo contrário: nós temos história, mas também temos inovação e, como diz o nosso lema mais recente, estamos à frente do nosso tempo. A UC tem muitas coisas boas para oferecer, em todas as áreas: na cultura, na tradição, na investigação, no ensino, nos serviços.

A nossa instituição não vale a pena só pela vida académica: temos um corpo docente excelente e temos laboratórios muito bons. Portanto, a componente do ensino e da investigação aliada à dimensão cultural vão permitir aos alunos ter uma experiência que vai ser, sem dúvida, inesquecível. Como muitos dos nossos estudantes de mobilidade dizem, queremos que seja “uma experiência magnífica”. Queremos que sintam vontade de voltar, para frequentar mestrados ou doutoramentos, e, quiçá, construir vida em Coimbra.

Neste ano letivo, 2025/2026, a UC registou um crescimento de 7% em relação a 2024/25 no que respeita à mobilidade incoming (estudantes que chegam à universidade para estudar). A que se deve este aumento?

A Universidade de Coimbra está no Centro de Portugal, a cerca de uma hora de distância do Porto e a duas horas de Lisboa – onde há aeroportos. Estamos numa cidade de fácil acesso e com uma qualidade e um custo de vida que outras cidades maiores não conseguem oferecer. Estamos perto do mar e da serra. E, claro, todos os outros motivos que referi na resposta à pergunta anterior: a qualidade do ensino e da investigação e a cultura. Neste âmbito, começamos a ser procurados por instituições que antes procuravam as universidades do Porto e de Lisboa. Isso mostra que a cidade e a UC têm ganho uma presença internacional muito expressiva.

O passo a palavra entre estudantes também é fundamental para este crescimento. Se a experiência for boa, como queremos que seja, vão dizer aos colegas que é muito bom estudar na Universidade de Coimbra. Todos os anos, tentámos, ao máximo, satisfazer as necessidades de apoio direto, mas também criar condições adicionais para que se sintam bem-recebidos. Por exemplo, fazemos sessões de boas-vindas no início de cada semestre do ano letivo para tentar reuni-los, ao mesmo tempo e no mesmo espaço, para explicar os procedimentos administrativos (que é uma parte “chata”, mas essencial), mas também para que possam conhecer outros colegas em mobilidade. É um momento administrativo, mas, em simultâneo, um momento de convívio. Estas iniciativas surgem porque o nosso objetivo é facilitar a vida ao estudante durante a sua passagem pela Universidade de Coimbra. Claro que há sempre coisas a melhorar, mas isso faz parte do ciclo vida: vemos o que está menos bem e procuramos melhorar de semestre para semestre e de ano letivo para ano letivo.

Que momento mais marcou o seu percurso na UC até ao momento?

Não consigo escolher apenas um momento. São quase 20 anos e cada fase tem momentos que me marcaram e fizeram crescer ao longo de todo o percurso. Seria ingrato identificar um momento quando todos tiveram episódios marcantes e peculiares, desde o tempo de estágio ao atendimento a estudantes, das parcerias internacionais à gestão de projetos. São muitas histórias, muitas pessoas, muitas aprendizagens. A soma de todos esses momentos tornou-me na pessoa que sou hoje.

Que mensagem gostaria de deixar à comunidade UC?

A relação e abertura ao próximo é fundamental. Vivemos num mundo cada vez mais global e multicultural, e temos de nos abrir a quem vem, seja o nosso vizinho do lado, português, ou um indiano, espanhol, chinês ou francês. Devemos minimizar o pré-conceito (não acho que seja um preconceito, mas antes um pré-conceito) que temos de uma determinada cultura ou pessoa. Devemos eliminar esse pré-conceito e tentar perceber do que é que a pessoa precisa, como é que a pessoa é, e o que podemos fazer em conjunto.

E queria lembrar à comunidade que a mobilidade na Universidade de Coimbra não é apenas para estudantes: também temos, para os docentes, as missões de ensino; e para o corpo técnico e para os docentes, as missões de formação. É muito importante utilizar as bolsas que temos disponíveis para estas missões, para que possam ir para outros países e para outras instituições para ver o que fazem os nossos parceiros, como trabalham, e para identificar o que podemos melhorar. E também para verem como estamos muito bem na Universidade de Coimbra! Já fiz várias missões, em universidades na Alemanha ou na Finlândia, e tive oportunidade de verificar como os nossos serviços e procedimentos funcionam muito bem. Lembro-me sempre de um episódio, em 2014, durante uma missão na Alemanha, em que me senti “a maior” quando percebi que na instituição em que estive ainda estavam a desenhar um documento para medir a implementação de um plano de atividades – algo que já fazíamos na UC há anos. Temos dificuldades e aspetos a melhorar? Claro. Mas temos a capacidade para continuar a melhorar, juntos.

Assista ao vídeo desta entrevista:

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Produção e Edição de Conteúdos: Catarina Ribeiro, DCM; Inês Coelho, DCM

Imagem e Edição de Vídeo: Ana Bartolomeu, DCM

Edição de Imagem: Sara Baptista, NMAR