Fotografia: João Farminhão
Uma das prioridades de conservação de um jardim botânico é a salvaguarda da flora endémica do país onde está localizado, e deste ponto de vista, o junquilho-do-barrocal (Narcissus willkommii) é a espécie mais relevante das coleções do JBUC. Trata-se de um narciso endémico do Algarve central, estando atualmente classificado como Em Perigo segundo a Lista Vermelha da Flora de Portugal Continental. Encontra-se reduzido a poucos milhares de indivíduos na natureza ao longo da ribeira de Quarteira, florescendo entre final de janeiro e abril. Os bolbos desta espécie cultivados nos viveiros do Jardim (PT-0-COI-XXXX/00004) são uma herança das coleções científicas de Abílio Fernandes, diretor do Jardim Botânico entre 1957 e 1974, que se notabilizou internacionalmente pelos seus estudos pioneiros sobre a evolução e classificação dos narcisos. Destacam-se as contribuições sobre a organização do genoma destas plantas, para as quais eram necessárias preparações cariológicas, obtidas, em grande parte, a partir de plantas cultivadas no Jardim Botânico.