/ O que vivi na UC

"O que vivi na UC" com Paulo Ribeiro

Neste episódio, partilhamos o testemunho de Paulo Ribeiro, Técnico Superior de Geofísica do Observatório Geofísico e Astronómico da Universidade de Coimbra

Publicado a 14.02.2025

© Fotografia: UC | Ana Bartolomeu

«A minha ligação à UC remonta a 2002, ano em que ingressei como técnico superior de geofísica no antigo Instituto Geofísico da Universidade de Coimbra (IGUC), uma instituição secular da FCTUC, fundada em 1864. Ao longo de mais de duas décadas de serviço, além de desempenhar funções como observador geomagnético, fui responsável pela manutenção e modernização das estações meteorológica, sísmica e magnética, com especial destaque para esta última – situada desde 1932 no Alto da Baleia (Rua Aníbal de Lima) – que, até há pouco tempo, era a única do género no país.

É com um certo sorriso que recordo o espanto – e até o susto! – que senti ao entrar pela primeira vez nas instalações do Alto da Baleia. À época, era uma verdadeira cápsula do tempo de um observatório magnético, com magnetógrafos da primeira metade do século passado, registadores fotográficos e a mecha de uma lamparina a petróleo como fonte de luz. Felizmente, cheguei a tempo de receber o testemunho do último dos observadores de uma classe em vias de extinção, que, com dedicação, me guiou pelos saberes e práticas antigos! Esse atraso pôde ser recuperado nos anos seguintes, colocando o observatório de Coimbra a par dos mais modernos da rede internacional, tanto em termos de instrumentação como de práticas de observação.

Alguns anos mais tarde, em 2013, o IGUC fundiu-se com o também histórico Observatório Astronómico, dando origem ao atual Observatório Geofísico e Astronómico (OGA). Foram tempos de charneira e desafio, mas também de realização, por poder contribuir para a construção desta nova instituição. O OGA, com os seus observatórios magnético e solar, e os centros de investigação nele sediados (CITEUC e IA), passaram a acompanhar o crescente interesse internacional pela meteorologia espacial. Neste contexto, tive a liberdade e a confiança para participar ativamente em programas de investigação. Estes alargaram-se ao estudo da história das antigas instituições, tendo recentemente coliderado o projeto HISTIGUC – 150 anos de atividade científica do Instituto Geofísico da Universidade de Coimbra: história e património das Ciências da Terra e do Ambiente em Portugal.

Neste breve testemunho sobre a minha vivência na UC, não houve lugar para outros dias memoráveis ou marcantes – não por falta de espaço, mas porque o trabalho e a vida desenrolaram-se com a naturalidade dos dias comuns, entre sabores e dissabores, como tinha de ser!»