EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL - Entrelaçando a História da Arquitetura com História Jurídica
© AUC | Arquivo da Universidade de Coimbra
A exposição documental que se apresenta, em resposta ao desafio lançado ao Arquivo, para colaboração com o International Workshop: Intertwining Architectural History with Legal History, traz à luz 25 documentos provenientes de diversos fundos documentais.
Esta seleção documental procura fazer uma amostragem da riqueza do acervo do AUC, ilustrando temáticas diversas que se entrelaçam com a história da Arquitetura, seja ela civil ou religiosa, num arco cronológico de 1528 a 1950.
Assim, podemos conhecer decisões régias sobre as necessárias obras de encanamento do rio Mondego, para evitar a inundação de campos e espaços urbanos ou a necessidade de transferir algumas instituições para lugares de cota mais elevada, devido a cheias do rio Mondego, como é o caso da construção do novo Mosteiro de Santa Clara, a partir de 1649. Também o delineamento do largo de Sansão, hoje Praça 8 de Maio, ficou assinalado com a escritura de 1528, pela qual o arquiteto Diogo de Castilho fez a avaliação de umas casas do Mosteiro de Santa Cruz que iriam ser derrubadas. Devemos também fazer uma chamada de atenção para a divulgação de alguns desenhos originais de obras, como o do Arquiteto Manuel Alves Macomboa, executado em 1782, revelando o traçado do encanamento da água que ia até à cerca do Mosteiro de Santa Clara.
A arquitetura civil fica ilustrada com escrituras notariais pelas quais se revela a construção da Cadeia da Lousã, em 1818 e, também nesse mesmo ano, o muramento e gradeamento da grande obra do Jardim Botânico da Universidade ou, ainda, a existência de estalagens em Coimbra, como a do Paço do Conde, da qual se fez um arrendamento em 1674. Por sua vez, o Hotel Mondego e o Hotel do Caminho de Ferro serão dados a conhecer no Auto de Cominação, datado de 1863. Também a arquitetura industrial pode ser apresentada no processo de licenciamento para a construção de uma fábrica de destilação, em 1865, proveniente do fundo documental do Governo Civil de Coimbra. Uma peça documental digna de nota é o manuscrito do Código Civil Português da autoria do Doutor António Luís de Seabra (Visconde de Seabra), em 1867, que ficou exposto nas folhas que se reportam ao seu art.º 2324, dedicado a construções e edificações e deveres dos seus proprietários. Por último, não pudemos deixar de selecionar um processo da CAPOCUC de 1950 que nos transporta ao período de construção da cidade universitária, durante o Estado Novo, com todas as alterações que a cidade sofreu. Assim, ficou documentada a demolição de parte da Alta de Coimbra e o realojamento dos seus moradores em novos bairros, como o Bairro do Calhabé, construído com essa finalidade.