Exposição documental virtual | Natal 2023
© AUC | Arquivo da Universidade de Coimbra
12 documentos do Arquivo da Universidade para celebrar a quadra natalícia. "Os documentos falam. Por vezes, é preciso ouvir a sua voz. Que sejam felizes e proveitosas as nossas reflexões sobre o Natal." Maria Cristina Vieira Freitas (Diretora do Arquivo).
Votos de Feliz Natal, Feliz Ano Novo | Merry Christmas, Happy New Year
Nesta pequena exposição, constituída por 12 documentos, em catálogo de suporte digital, pretende-se mostrar, com documentação existente no Arquivo da Universidade de Coimbra, numa cronologia entre os séculos XIII e XX, como a época natalícia é, desde há muito, tempo de manifestações do foro religioso e do profano. Procurou-se apresentar algumas evidências através da seleção de temas da liturgia, das celebrações, das festas e da vida do quotidiano.
Em espaço litúrgico, encontramos, na Sé de Coimbra, a missa do dia de Natal (viderunt omnes fines terræ), com a notação musical em cantochão, e os encargos financeiros com a cera propositadamente comprada para as celebrações da quadra.
O Natal é também tempo propício à reflexão, às promessas e à entreajuda, das esferas mais abastadas às mais pobres.
Como evidência deste espírito, surge a entrega de crianças expostas na Roda às respetivas amas, aqui exemplificado pelo registo de Sérvulo, exposto a 25 de dezembro, com n.º 87, entregue à ama no dia 28 de dezembro de 1874.
Os pedidos de esmolas dirigidos pelos necessitados ao Cabido da Sé de Coimbra e as respetivas concessões são também uma realidade no tempo natalício. De notar que a esmola só era concedida depois de validada a necessidade em causa.
Encontram-se ainda pedidos de construção de capelas, sob invocação do Menino Jesus, como no caso do documento apresentado, integrando o processo da Câmara Eclesiástica de Coimbra, em que António Henriques Coimbra, morador no lugar de Alveite Pequeno (freg. Santo André de Poiares), pede licença para ali construir uma capela, dando como garantia a quinta onde vive, avaliada em dois mil cruzados.
Nos dias festivos do Natal, a mesa portuguesa quer-se farta e com a gastronomia tradicional da época. Assim, acrescentam-se à lista de compras boas carnes (vaca, carneiro, lombo, perdizes, leitoa) e todo o tipo de ingredientes (açúcar, ovos, manteiga, canela) para a preparação da Ceia, tudo em quantidades generosas para consumo próprio ou para ofertar (à padeira, à lavadeira, ao capelão, aos serventes), como nos revelam os Livros de receita e despesa ordinária da cozinha do Colégio de São Paulo (1709-1728; 1739-1740) e os Livros de despesa da superintendência do Colégio Real de São Pedro (1619-1625).
Os doces típicos da quadra natalícia também não foram esquecidos e, numa miscelânea manuscrita do séc. XVII de diversas proveniências, encontramos algumas receitas tradicionais: manjar real, queijadas, broinhas.
A par do espiritual e da religiosidade, lembramos aqui contextos do profano como os bailes no dia de Natal, para os quais era necessária a devida licença, autenticada pelo Governo Civil. O programa do baile, sujeito à aprovação, continha o título das músicas e a referência aos respetivos autores.
E, muito antes da divulgação de bebidas americanas, em Portugal, publicavam-se, no Diário do Governo, anúncios como o que registamos neste catálogo, onde se diz que se pode comprar, em Lisboa “o vinho mais superior” para a mesa da ceia de Natal.
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