Chamada de Participação
Suporte de um conjunto de saberes considerado de necessária apreensão pelos mais jovens, por parte do poder político e da sociedade civil, os manuais escolares são um dos objetos mais identificáveis e definidores do processo de ensino-aprendizagem (Sherman et al., 2016; Hadar, 2017). Veja-se que, mesmo perante as mutações tecnológicas que constituem as primícias do nosso tempo, e até durante os momentos mais pedagogicamente complexos da pandemia, este meio se manteve como referência do ensino. Com efeito, acompanhando o curso histórico dos regimes políticos, as suas transformações económicas e sociais, assim como as visões culturais e mentais, sob um pano de fundo quase sempre marcado pelas ideologias dominantes, os manuais têm formado e procurado reform(ul)ar. Importa, pois, ter presente que, desde há muito, que o manual se constituiu como objeto de estudo. Nos últimos anos verificou-se mesmo uma multiplicação das análises levadas a cabo, tendo-se assistido a uma proliferação de estudos que põem a tónica em abordagens comparativas nacionais e transnacionais, que observam as representações sociais (mulher, homem, criança, sociedade, o Outro, etc.) e a construção de identidades múltiplas (sociais, políticas, culturais).
Os manuais, nomeadamente os das disciplinas de História e Geografia, são um meio de divulgação em série dos “discursos” e das “imagens” oficialmente aprovadas e, ao mesmo tempo, espelhos das controvérsias societais em torno de questões sensíveis (Klerides 2010; Macgilchrist 2015). Misturam e combinam miríades de fios discursivos, que os ligam a um ambiente social mais vasto (Binnenkade, 2015). Situados na fronteira entre política, história, pedagogia e didática, refletem exigências curriculares, assim como padrões científicos e pedagógicos. Respondem às exigências da sociedade e dos debates políticos (Christophe, 2019).
Atualmente, organismos governamentais nacionais e internacionais, ONGs, e instituições académicas e pedagógicas, estão envolvidos em projetos que observam práticas de inculcação e de perpetuação da memória através destas lentes analíticas, não deixando de ter presente a questão do eurocentrismo e da necessária descolonização de alguns pontos de vista.
Neste sentido, esta conferência pretende revisitar o tema dos manuais escolares, em estreita ligação com as suas visões do mundo, os seus autores e, evidentemente, os destinatários. Assim, convida-se à submissão de trabalhos que integrem as seguintes perspetivas:
▪ Manuais escolares – discurso, poder e produção
▪ A publicação de manuais – desafios, regulação e mercado
▪ Os manuais escolares – práticas inovadoras e literacia digital
▪ Os manuais escolares e a(s) problemática(s) da(s) identidade(s) e da Alteridade(s)
▪ Os manuais escolares – eurocentrismo, nacionalismo e racismo
▪ Os manuais escolares perante e sob as ditaduras
▪ Os manuais escolares em democracia e a análise da democracia nos manuais escolares
▪ Os manuais escolares e o património local
▪ Os manuais escolares – guerra, violência e educação para a paz
▪ Os manuais escolares e os lugares de (des)memória
▪ Os manuais escolares – questão e temas religiosos
Datas Importantes
Data-limite para a submissão de propostas de comunicações: 30/06/2023 [atualizado]
Divulgação da aceitação de propostas: 22/07/2023
Divulgação do programa (preliminar): 15/09/2023
Divulgação do programa (definitivo): 02/10/2023
Critérios para a submissão
As propostas, sob a forma de resumo, entre 250 a 300 palavras, em português, inglês, francês ou espanhol, acompanhadas por um título, três palavras-chave, uma breve nota biográfica (até 100 palavras), respetiva filiação institucional e contactos do/a autor/a ou autores (e-mail e telefone), deverão ser enviadas para o endereço coloquiomanuaisescolares@uc.pt.
Contactos
Para qualquer questão, contacte-nos, por favor, através do e-mail coloquiomanuaisescolares@uc.pt. Obrigado!
 
                         
                    