Afirmar que nenhuma obra literária (e, em geral, nenhuma obra artística) escapa a um diálogo com a História constitui um truísmo que, exatamente por essa sua condição, dispensa demonstração. Em todas as épocas, em diferentes contextos periodológicos, na lenta e às vezes incerta variação dos modos e géneros literários a dimensão histórica da literatura representa, à sua maneira, um firme elo de ligação do escritor (e, por extensão, dos leitores) com os problemas do seu tempo e com os do passado muitas vezes projetado na narrativa, mas também na poesia e no teatro. Porque assim o reconhecemos, podemos afirmar que o tema da historicidade da literatura que é contemplado neste número da Revista de Estudos Literários revela uma pertinência que a introdução elaborada por Maria Helena Santana, organizadora deste volume, bem atesta.