Suplicantes de Ésquilo - 19 de Abril de 2012 (ante-estreia)
Publication date:11-04-2012 15:49
Caros colegas e
amigos,
é com o maior
gosto que venho, em nome do Thíasos, da FESTEA-Tema Clássico e da UI&D
Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da FLUC, convidar-vos para a
ante-estreia da mais recente produção do Thíasos, as Suplicantesde
Ésquilo, com encenação de Lia Nunes e um vasto elenco que conta, entre
outros, com caras bem conhecidas. O espectáculo terá lugar no Teatro Paulo
Quintela da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no próximo dia 19
de Abril, às 21h30, e será de entrada livre. Como de costume, estarão
disponíveis para venda, nessa ocasião, os livros com a tradução integral da
peça, propositadamente feita para o espectáculo em causa e que na mesma data
será lançada.
Confiante de
que poderemos contar com a vossa presença, bem assim com a melhor divulgação do
evento pelos vossos contactos, apresento, em nome do Thíasos e das demais
entidades promotoras, os melhores cumprimentos teatrais.
Apresentadas pela primeira vez em data insegura, mas por certo na década de 60 do século V a.C., As Suplicantes são a primeira de três tragédias que Ésquilo dedicou à saga das Danaides, trilogia da qual fariam parte os dramas perdidos Egípcios e Danaides. As cinquenta filhas de Dânao, posto que as desejam para casar os cinquenta primos, filhos de Egito, fogem do Nilo onde habitam para pedir asilo político e religioso em Argos. Perante o rei dessa terra, portanto, suplicam por proteção, apresentando como argumento maior a descendência de ambos de uma mesma mulher, Io, num passado mitológico ainda mais remoto.
Chegadas à Grécia por mar, estas mulheres são o paradigma antigo de um grupo de exiladas – auto-exiladas, no seu caso – que reclama a proteção de outro povo, de outra cultura. A viagem é um motivo marcante em toda a peça, porquanto as Danaides estão ainda em trânsito entre dois países, entre duas nações. Recusam uma pátria que era a sua, de cuja linhagem real eram descendentes, e advogam a ancestralidade da sua origem grega para aí serem recebidas e protegidas dos primos que as perseguem, prometendo, mais do que um casamento nobre, a violência de umas bodas que lhes retirará os privilégios da sua nobreza e a autonomia de decisão. Estão em causa, como é natural, diversos condicionalismos políticos. Mas o drama destas mulheres – que, nas peças seguintes, seriam as assassinas dos primos, por ordem do pai – é facilmente identificável com o de tantas outras mulheres que, na linha do tempo que no essencial não muda, fogem a qualquer espécie de violência que lhes é imposta.
Bárbaras, chegam a uma terra que dizem ser a sua, mas quem as vê não consegue identificá-las como gregas. Apátridas, apavoradas pela hoste masculina de inimigos que sabe vir no seu encalce, este grupo procura nos altares dos deuses da nova cidade um refúgio que grego algum pode recusar. E os primos, “falcões no encalce das pombas de semelhante plumagem”, chegam ávidos de sangue e vingança. No ar fica, para Gregos e Egípcios, a promessa de uma guerra pela posse das jovens. O sangue derramado, no campo de batalha e nos leitos nupciais nos quais havia de consumar-se o himeneu, fica desde cedo tragicamente indiciado.
Carlos Jesus, tradutor
Ficha técnica Tradução e produção: Carlos de Jesus Encenação: Lia Nunes Direção de atores: Ricardo Santos e Andreia Morado Coreografia: Andreia Morado Luminotecnia: Chayanna Ferreira Sonoplastia: Ricardo Neiva Multimédia: Rodolfo Lopes, Carlos de Jesus Música original: Sónia Simões e Andreia Morado Figurinos e caracterização: Lita Marcelino Fotografia: Vitor Garcia Voz-off: José Xavier, Ian Cezerin, Artur Magalhães, João Branco, Rui Gomes, Miguel Fonseca, Paulo Pinto, Luís Carvalho, Diogo Delgado, Ricardo Santos. Elenco: José Ribeiro Ferreira (Dânao), Rodolfo Lopes (Pelasgo), Pedro Sobral (Arauto), Ana Seiça, Andrea Seiça, Carla Coimbra, Cátia Gouveia, Carina Fernandes, Cláudia Sousa, Daniela Pereira, Elisabete Cação, Iolanda Mendes, Marta Bizarro, Margarida Cardoso, Tânia Mendes (Suplicantes)