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Adolpho Frederico Möller

Adolpho Frederico Möller [Moller, Moeller] (Lisboa ,31 de outubro de 1842, – Lisboa, 20 de junho de 1920). Filho de pais alemães radicados em Portugal, Adolpho Möller partiu para a Alemanha em 1857 para estudar engenharia florestal durante três anos. De regresso a Portugal, foi contratado pelo governo português em vários cargos relacionados e tornou-se conhecido pelo seu excelente desempenho. Foi responsável pela maior reflorestação do país na época e desenvolveu grandes viveiros de árvores em Coimbra. Enquanto supervisionava a Secção Florestal nas grandes obras que envolveram a alteração do leito do Mondego, rio que atravessa Coimbra (1866-73), a Universidade solicitou os seus serviços ao Ministério do Interior. Em 1874, um ano após Júlio Henriques se ter tornado Professor de Botânica e Diretor do Jardim Botânico, Adolpho Möller foi nomeado Inspetor do Jardim Botânico. Manteve-se neste cargo até a aposentadoria.

O contributo de Möller para a expansão e qualidade científica do Jardim Botânico foi fundamental, assim como o seu papel na promoção da agricultura nas colónias, como o cultivo de Cinchona calisaya para a produção de quinino. Publicou várias notas sobre muitos aspetos das culturas da África tropical (mandioca, café, cacau, inhame, baunilha) em Der Tropenpflanzer: Zeitschrift für tropische Landwirtschaft (1898, 1902, 1903, 1904).

Möller também deu um contributo substancial ao herbário. Colecionou muito no distrito floristicamente rico de Coimbra e noutras regiões de Portugal. A investigação em Criptogâmicas estava a desenvolver-se na Europa na época, e Möller interessou-se por musgos e fungos, enriquecendo o herbário com muitos exemplares. Em 1885, realizou uma expedição de quatro meses à então colónia de São Tomé e Príncipe. Embora curta, a expedição foi valiosa em materiais recolhidos: para o herbário foram recolhidos 735 exemplares, mas também havia animais, minerais e artefactos locais. O catálogo descritivo da expedição foi exposto em 1896 na Exposição Insular e Colonial Portuguesa que comemorou o 5º aniversário do nascimento do Infante D. Henrique, o Navegador.

A sua coleção principal permanece no COI. Duplicados dos espécimes do herbário de Möller foram enviadas por Júlio Henriques para outros institutos europeus, por exemplo. Herbário Normal Schultz. Uma colecção de plantas medicinais, Herbário Médico do Gabinete de Matéria Médica, foi oferecida à Faculdade de Medicina de Coimbra. As plantas medicinais eram, de facto, um dos seus interesses e escreveu o Catálogo das Plantas Medicianis que Habitam o Continente Português publicado pela Universidade de Coimbra e obras seminais sobre as plantas úteis da África equatorial (São Tomé). Publicou também sobre isso no Berichten der Deutschen Pharmaceutischen Gesellschaft.

Vários dos seus espécimes são tipos e alguns taxa foram-lhe dedicados (por exemplo, Mezierea molleri DC., Lobelia molleri Henriq., Polypodium molleri Baker ex Henriq.)

Möller colaborou ainda com H. Hoffmann (Giessen) na investigação sobre fenologia com observações no Jardim Botânico de Coimbra, publicada no Boletim da Sociedade Broteriana, 1. ª série, vols. Escreveu para muitas revistas portuguesas, divulgando e informando sobre botânica, plantas medicinais, horticultura e silvicultura. A maior parte das suas publicações científicas foram nas publicações da Sociedade Broteriana (Coimbra).

No início da sua carreira, Moller observou o mundo natural com os mesmos olhos críticos dos melhores naturalistas do seu século, prevendo os desastres que hoje confirmamos: “Se continuarem n’esta faina de deitar abaixo [itálico no original] prophetiso que, dentro de cincoenta ou sessenta anos, as condições climatericas da ilha hão de mudar; e Deus queira que não venham a soffrer as calamidades que téem cahido sobre algumas das ilhas de Cabo Verde, pois sem mattas é impossivel terem chuvas e humidade”.

Casou com Matilde Angélica Coelho e tiveram três filhos. Quando a sua saúde se deteriorou durante os últimos seis anos da sua vida, mudou-se para Lisboa, onde faleceu em 1920.

Pequena amostra de publicações:

  • Moller, A.F. (1878). Catalogo das plantas medicinaes que habitam o continente portuguez. Imprensa da Universidade: Coimbra.
  • Moller, A. (1886). Exploração botânica ao Pico de S. Thomé. Jornal de Horticultura Prática 17: 11–18.
  • Moller, A. F. (1897). Einige medizinische Pflanzen von S. Tomé. Berichte der Deutschen Pharmaceutischen Gesellschaft (Deutsche Pharmazeutische Gesellschaft). 7: 491-501.
  • Moller, A. F. (1899). Observações phaenologicas feitas no annos de 1897-1899. Boletim da Sociedade Broteriana 16: 219-220.