Como ajudar um amigo que tem um ataque de pânico
Ver alguém de quem gostas a ter um ataque de pânico pode ser assustador e deixar-te sem saber o que fazer. Mas a tua presença calma e empática pode ter um impacto enorme. Saber como agir e o que evitar é essencial para ajudares de forma segura e eficaz.
Um ataque de pânico é um episódio súbito e intenso de medo ou desconforto extremo. Costuma durar entre 20 a 30 minutos e pode surgir sem uma ameaça real e imediata. Os sintomas são fortes e podem incluir coração acelerado, falta de ar, dor no peito, tonturas, enjoos e até medo de morrer.
Mas, quando é alguém importante para nós que está a viver um ataque de pânico, o que podemos fazer para ajudar?
Saber o que fazer e o que evitar é essencial. Cada pessoa é diferente, e o que funciona num momento pode não resultar noutro. Se não acertares à primeira, está tudo bem. O mais importante é estar presente com empatia e calma.
O que não fazer:
- Não forces a ajuda nem faças demasiadas perguntas;
- Não toques na pessoa sem autorização. Se tocares, procura que seja um conforto, respeitando os limites pessoais de ambos, por exemplo, apertar levemente a mão;
- Não centres a conversa na tua experiência pessoal;
- Não julgues nem minimizes a experiência da pessoa:
- Nem toda a gente lida com a ansiedade da mesma forma e ninguém tem culpa disso;
- Não digas frases como “Tem calma, isso já passa.”, “Achas que esta situação era para tanto?”;
- Não entres também em pânico:
- Não te esqueças do teu papel naquele momento. É importante que possas manter a calma para transmitir conforto e segurança ao outro;
- Se não estiveres a conseguir gerir as tuas próprias emoções, comunica os teus limites, vê se há outra pessoa que possa ajudar e faz uma pausa.
O que fazer:
Tenta providenciar segurança, validação e conforto:
- Aproxima-te, respeitando os limites pessoais e físicos da pessoa;
- Repete frases confortantes como: “Estou disponível para ti”, “Posso ouvir-te, ou só ficar aqui contigo.”, “Podemos fazer o que te fizer sentir melhor.”
- Leva a pessoa para um lugar seguro, confortável e com privacidade com a sua autorização;
- Escuta-a ativamente. Mostra interesse genuíno, foco no que está a ser dito, sê empático/a;
- Respeita os silêncios e diz algo como “Podemos ficar aqui o tempo que precisares.”
- Tenta satisfazer as necessidades da pessoa: “Precisas que te vá buscar alguma coisa para comer ou beber?”; “Queres que ligue a alguém?”; “O que precisas?”;
- Tenta garantir que esta pessoa sente apoio enquanto se regular as suas emoções:
- Sugere que ele/a possa molhar a cara, os braços e o pescoço com água fria;
- Faz uma pequena caminhada com ele/a;
- Relembra-o/a que estas situações não são perigosas e que são passageiras. Um ataque de pânico é uma experiência assustadora, mas não nos faz mal e acaba por passar. O nosso corpo sabe o que fazer;
- Reforça que a ansiedade é uma emoção normativa e não algo errado;
- Demonstra que a pessoa não está sozinha para enfrentar aquele momento assustador.
- Sugere exercícios práticos para a estabilização emocional:
- Exercício dos 5 sentidos: pede à pessoa para te dizer 5 coisas que consegue ver, 4 coisas que consegue tocar, 3 coisas que consegue tocar, 2 coisas que consegue cheirar, 1 coisa que consegue saborear. Pode inclusive fazer o exercício em conjunto com a pessoa.
- Exercício de respiração: promover a regulação da respiração pode ajudar a abrandar os sintomas e trazer a atenção para o momento presente. Imagina que estão a cheirar uma flor quando inspiram e a soprar uma vela quando expiram. Mais uma vez pode ser feito em conjunto;
- Quando o pico do pânico tiver passado e a pessoa estiver lentamente a recuperar, podes fazer-lhe algumas perguntas simples para a ajudar a focar-se no presente: o nome, a idade, se tem irmãos, de onde é, etc;
- Não faças estas sugestões todas ao mesmo tempo, seleciona aquelas que te sentes mais confortável e que podem ser mais úteis para a pessoa;
- Se a presença de ataques de pânico for frequente na vida desta pessoa, é importante sugerires que procure ajuda especializada. Podes ajudá-lo a entrar em contacto com profissionais de saúde mental.
Acompanhar alguém durante um ataque de pânico pode ser desafiante, mas a tua presença calma e empática pode fazer toda a diferença.
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