Curso de Formação "O Universo de Camões: um saber de experiências feito"

As sessões de trabalho incluíram atividades culturais, científicas e performativas que permitiram aos formandos explorar transdisciplinarmente o universo camoniano, pela forma como as diferentes áreas do saber e as vivências pessoais se refletem na obra do autor, cuja vida se repartiu por diferentes partes do mundo. Procurou-se também estimular os participantes a desenhar situações de aprendizagem que convoquem aprendizagens associadas às bibliotecas escolares e reforcem o trabalho colaborativo, de modo a promover um maior enriquecimento curricular.

O programa do encontro teve início com um momento musical dinamizado pelo Projeto Orquestra Geração do Conservatório de Música de Coimbra que musicou alguns textos camonianos( Folha de sala). A sessão de abertura, na Sala Sá de Miranda da Casa Municipal da Cultura, contou com as intervenções de

• Hilda Pinto Gonçalves, Diretora do Centro de Formação Minerva (em representação dos Centros de Formação Minerva e Nova Ágora)
• Manuela Pargana da Silva, Coordenadora Nacional da RBE e membro da Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões
• Delfim Leão, Vice-Reitor da UC
• Francisco Queirós, Vereador da Câmara Municipal de Coimbra

Seguiu-se o primeiro painel, dedicado ao tema "Mundo(s) em mudança – memória histórica e cidadania digital com Camões", com as intervenções de Paulo da Silva Pereira ("Bioiconografia e topoiconografia: uma história cultural do mito camoniano") e Manuel Portela ("Camões “diz e tal”). Um grupo de estudantes da Escola Secundária Avelar Brotero surpreenderam os participantes com a declamação de poesias camonianas em várias línguas e demonstraram, assim, o fruto do trabalho nas bibliotecas escolares. Teve, depois, lugar um conjunto de apresentações sobre o diálogo entre Literatura e Ciência(s), com os contributos de Carlos Fiolhais ("A ciência no tempo de Camões"), Carlota simões ("Camões e a Astronomia: Vénus, deusa e planeta n’ Os Lusíadas") e João Luís Fernandes ("Camões, hoje – viagens por geógrafos e geografias").

As atividades prosseguiram com a experiência imersiva num sarau cultural do século XVI. O salão S. Tomás de Aquino (no Seminário Maior de Coimbra) foi palco para Interpretação de músicas quinhentistas (Coro do 2º grau da Escola Artística do Conservatório de Música de Coimbra, sob a direção da Professora Heloísa Simões), que antecedeu a palestra de Albano Figueiredo sobre "Camões e o imaginário alimentar". Proporcionou-se, de seguida, um exercício prático de degustação de pratos com ingredientes e elementos gastronómicos referidos na obra camoniana (Ver Ementa), acompanhado pela declamação dos textos que justificaram a seleção das iguarias.

O segundo dia do encontro abriu com a exploração da Exposição "Camões, 500 anos depois! Mostrar e (re)Criar Camões nos seus múltiplos aspetos", concebida pela Rede de Bibliotecas de Coimbra -Professores Bibliotecários, e patente ao público na Casa Municipal da Cultura. Os trabalhos prosseguiram com a discussão do tópico "Camões e as relações internacionais e interculturais", que contou com a visão de José Carlos Seabra Pereira (“Vendo nações, linguages e costumes” – Camões e as gramáticas das civilizações) e de Fernando Florêncio ("Representações sobre as sociedades africanas no tempo de Luís Camões na Ilha de Moçambique"). Seguiu-se uma Mesa redonda sobre "Camões e a representação feminina" com três propostas de abordagem desenvolvidas por Maria Antónia Lopes ("O estatuto das mulheres portuguesas no século XVI: situação jurídica, oportunidades e vivências"), Filipa Araújo ( As Lusíadas ilustres nas edições comemorativas d’ Os Lusíadas) e Manuel Ferro ("As musas de Camões"). Durante a tarde, valorizou-se a componente prática, com a realização de um percurso temático ("Exercícios do ‘valoroso ofício de Minerva': a UC no século XVI”), dinamizado pelo Núcleo de Turismo da Universidade de Coimbra, a que se seguiram três atividades: a visita à Exposição "As Plantas na Obra Poética de Luís Vaz de Camões" (Casa-Museu Elysio de Moura), guiada por Maria Teresa Gonçalves; uma oficina de paleografia e técnicas de escrita dinamizada por Maria José Azevedo Santos e a visita à Exposição “CAMÕES 500” (na Sala de S. Pedro da Biblioteca Geral), a cargo de Filipa Araújo, em representação da curadoria conjunta com Paulo da Silva Pereira.