"Ler Camões" na Universidade de Coimbra para comemorar o aniversário do Poeta
Respondendo ao desafio lançado pela Rede de Bibliotecas Escolares, no dia 23 de Janeiro, a Comissão Organizadora das Comemorações dos 500 Anos do Nascimento de Camões na Universidade de Coimbra preparou uma sessão de leitura camoniana na Biblioteca Geral.
No dia que tem sido apontado como possível data de aniversário de Luís Vaz de Camões, a Sala de São Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra acolheu um conjunto de leitores que emprestaram a sua voz aos textos do Poeta. Promovida pela Rede de Bibliotecas Escolares, esta experiência coletiva de leitura e apreciação da obra camoniana decorreu em escolas de todo o país, à qual a UC se associou para mostrar como «a Universidade de Coimbra gosta de promover a leitura de Camões com os nossos alunos", explica Filipa Araújo, membro da Comissão Organizadora das Comemorações dos 500 Anos do Nascimento de Camões na Universidade de Coimbra.
Tendo como cenário a exposição CAMÕES 500 e com a colaboração do Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras, estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento participaram na iniciativa, com a leitura de sonetos, estâncias d' Os Lusíadas, passagens do auto Filodemo e alguns versos das sátiras que terão condenado Luís de Camões à prisão em Goa. O desafio Ler Camões foi também lançado a todos os utilizadores da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) e contou ainda com a participação do diretor da Biblioteca Geral da UC, Manuel Portela, e da diretora da Imprensa da UC, Carlota Simões, que estiveram presentes na qualidade de membros da Comissão Organizadora das Comemorações dos 500 Anos do Nascimento de Camões na Universidade de Coimbra.
Esta atividade procurou revelar facetas menos conhecidas da produção literária de Camões, nomeadamente algumas oitavas da «petição feita ao Regedor de uma nobre moça presa no Limoeiro da cidade de Lisboa por se dizer que fizera adultério a seu marido».
Ouvi da pobre Dona Catarina
o grande desemparo inopinado,
a quem nenhum remédio determina
ou permite seu duro e cruel Fado;
que se na tenra idade foi mofina,
a vida entregando ao vão cuidado,
haja nisso castigo com brandura,
porque o medo a fará viver segura.(Rimas, 1616)
Nesta composição, Camões alega que as atitudes da mulher adúltera se tinham devido ao desamparo a que fora condenada, argumentando que, de alguma forma, a sociedade falhara no apoio àquela figura feminina. Deste modo, o autor mostra empatia em vez de criticar os erros cometidos.
A iniciativa tem uma segunda edição agendada para janeiro de 2026, com o objetivo claro de continuar a divulgar e a estimular a fruição da obra do Poeta. "Celebrar Camões é, acima de tudo, lê-lo e dá-lo a ler», conclui a Organização.
Reportagem de Ana Bartolomeu e Karine Paniza, da Divisão de Comunicação da Universidade de Coimbra, disponível aqui.