BGUC acolhe palestra e mostra bibliográfica sobre «Memória Judaica»
A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) acolheu, na tarde do passado dia 4 de maio de 2025, uma sessão sobre «Memória Judaica», integrada na programação preparatória do VII Colóquio Internacional Diálogos Luso-Sefarditas – Cidades-Mundo de Memória Judaica, que decorrerá em Coimbra até 6 de junho de 2025.
A iniciativa, organizada em colaboração com a Câmara Municipal de Coimbra, incluiu uma mostra de livros representativos da herança judaica conservados na BGUC, acompanhada de uma palestra proferida pelo Dr. A. E. Maia do Amaral, sobre a relevância do património bibliográfico da BGUC para a história das comunidades sefarditas em Portugal e na Europa.
Entre os exemplares expostos estiveram manuscritos hebraicos iluminados, traduções do Pentateuco em espanhol publicadas em Amesterdão no século XVII, edições poliglotas dos Salmos e do Antigo Testamento, e obras de autores judeus ou de origem judaica como Amato Lusitano, Isaac Cardoso, Samuel Usque ou Zacuto Lusitano.
Em declarações iniciais, o Diretor da BGUC, Dr. Manuel Portela, salientou que «ao acolher este evento, a BGUC, enquanto guardiã de um património documental essencial para o estudo da presença judaica em território português, reforça seu compromisso com o diálogo intercultural e com a transmissão do conhecimento histórico que continua a moldar nossa identidade».
A sessão decorreu na Sala de São Pedro da BGUC e integra o projeto europeu JEWELS TOUR – An Exhibition of Jewish Memory, com o apoio do programa Interreg Europe.
A listagem completa das obras apresentadas está disponível aqui.
Apresentação da Bíblia de Abravanel.
Um dos exemplares disponibilizados foi um manuscrito em pergaminho atribuível à Escola Andaluza de calígrafos hebraicos, uma obra raríssima, conforme indicou o Dr. A. E. Maia do Amaral porque a maioria destas bíblias, na Península Ibérica, foram confiscadas e queimadas pela Inquisição. Na sua apresentação o Dr. Maia do Amaral referiu algumas das características: «Não tem colophon (isto é, o local do manuscrito onde se inscrevem os dados do local, autor e data) que nos informe da sua data e do nome do seu autor, tem as páginas iniciais inteiramente preenchidas com uma escrita micrográfica, de gosto mudéjar, a tinta castanha e ouro. Culturalmente, realça a ideia da multiculturalidade que foi prevalecente na sociedade peninsular, até à chegada da Inquisição. Conhecida como a Bíblia de Abravanel, não tem, contudo, anotações ou pertences que a relacionem com a poderosa família Abravanel, de Lisboa e Sevilha.
Esta obra pode ser visualizada no repositório Almamater — Biblioteca de Fundo Antigo da UC, nesta ligação.