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Um auto para Jerusalém

de Mário Cesariny

Editada na coleção Teatro Minotauro, com tiragem de 3 mil exemplares, foi proibida em 1965, mandada apreender e a maior parte destruída pela PIDE. A peça inspira-se num conto de Natal de outro «marginal» (Luiz Pacheco), onde Jesus sai de casa aos 12 anos para discutir com os Doutores e apelar à «ação direta». A Autoridade entra em cena para prender os «conspiradores»: quer levar o Menino para uma casa de correção e os Doutores para a prisão.

PROIBIDO DE CIRCULAR E OS EXEMPLARES DESTRUÍDOS

Ouve aqui a apreciação de censor, lida por Igor Lebreaud (A Escola da Noite)

Parecer do Capitão José Brandão Pereira de Mello, de 15 de março de 1965:

«Esta obrinha de um dos próceres do surrealismo português parece-me absolutamente inaceitável, isto é: francamente censurável (digna da mais severa censura) não só pela irreverência, em matéria religiosa ou de fé, como pela chocante intromissão satírico-política no tema filosófico-moral que o A. se propôs. A fala de Jesus (págs. 34 a 53) é absolutamente definidora do espírito achincalhante da obrinha, que, por isso, bastantemente por isso, me parece de proibir».