/ Atividades / Livros proibidos durante o Estado Novo

Quando os lobos uivam

de Aquilino Ribeiro

Com base no relatório dos Serviços de Censura, não foi autorizada a reedição, não foram permitidas críticas na imprensa e foi dada ordem de apreensão dos exemplares que ainda existiriam. Ao autor foi instruído, em outubro de 1959, um processo-crime por «desacreditar as instituições vigentes» e só uma amnistia publicada em 12 de novembro de 1960 lhe permitiu não ir a julgamento.

PROIBIDA A CRÍTICA, PROIBIDA A REEDIÇÃO E APREENDIDO

Ouve aqui um trecho da opinião do censor, lido por Mário Montenegro (Marionet)

Relatório n.º 6 282 de 7 fev. 1959:

«O autor intitula este livro de romance, mas com mais propriedade deveria chamar-lhe de romance panfletário, porque todo ele foi arquitectado para fazer um odioso ataque à actual situação política.

Escrito numa prosa viril, classifica o governo de piratas e descreve várias Autoridades, Funcionários, Polícia, Guarda Republicana e Tribunais em termos indignos e insultuosos.

Um interrogatório num posto da G.N.R. e uma audiência dum Tribunal Plenário, são focados de uma forma infamantes.

São desnecessárias mais citações, porque basta folhear o livro, encontra-se logo matéria censurável em profusão.

É evidente que, se o original tivesse sido submetido a censura prévia, não teria sido autorizado, porque é, talvez, a obra de maior ataque político que ultimamente tenho lido.

Sucede, porém, estou disso certo, que já devem ter sido vendidos muitas centenas de exemplares, e muitos outros também, já devem ter passado a fronteira, por isso, deixo ao esclarecido critério de V. Exa., decidir se nesta altura, será de boa política mandar apreender o livro (...)»