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Piso Intermédio PT

5 agosto, 2020

A biblioteca da Universidade de Coimbra é mencionada pela primeira vez em 1513, embora a sua data de fundação não seja conhecida. Anteriormente à abertura da Biblioteca Joanina, em 1777, esta funcionou durante vários anos em instalações precárias, nomeadamente nos claustros dos Estudos Gerais (atual Faculdade de Direito), onde podemos ver ainda hoje a porta decorada com relevo da autoria de Claude de Laprade.

A utilização da biblioteca durante o séc. XVI era feita de forma controlada. Sabemos que durante o inverno abria durante duas horas de manhã e duas horas de tarde e que, durante o verão, durante seis horas por dia. O acesso à biblioteca era público e teria quase uma centena e meia de volumes, organizados de forma corporativa, ou seja, os livros estavam divididos pelas Faculdades que estudavam a sua temática. Devido à sua importância e valor encontravam-se acorrentados às estantes ou fechados em armários. Este cuidado com a segurança do espólio bibliotecário foi incorporado no design das estantes do Piso Nobre, sendo que as estantes ao nível do chão se encontram fechadas com uma rede metálica, enquanto as estantes superiores, às quais só os funcionários tinham acesso, se encontram desprovidas de tal proteção.

O Piso Intermédio foi outrora utilizado como repositório dos livros que não tinham espaço nas estantes do Piso Nobre. A esta sala era também dado o nome de Sala 4, sendo um complemento às três salas que existem no piso superior. Hoje em dia, este local continua a ser utilizado como depósito de livros, para além de espaço destinado a exposições temporárias.

Durante o período de funcionamento da biblioteca, este espaço encontrava-se reservado aos funcionários, não sendo possível aos alunos frequentá-lo. Além disso, enquanto a Prisão Académica funcionou no piso inferior, este espaço era utilizado pela Guarda Real Académica, já que era da sua responsabilidade vigiar os reclusos detidos e tomar as medidas necessárias para o bom funcionamento da Prisão.

Neste piso é visível a densa espessura das paredes (2,11 metros), particularidade esta que se deve ao facto de a biblioteca ter sido construída para funcionar como uma caixa forte, com o objetivo de guardar e preservar os livros. As paredes têm esta espessura de modo a manter a temperatura e humidade constantes dentro do edifício.

Uma das curiosidades mais interessantes neste espaço são as pequenas marcas nas pedras das arcadas, feitas pelos canteiros, ainda hoje visíveis. Com efeito, neste piso não houve uma preocupação de criar um espaço rico e belo, pelo que os acabamentos são simples, mantendo-se as pedras no seu estado bruto. Cada canteiro teria uma “assinatura”, para ser mais fácil controlar o trabalho feito e assim receber o seu salário.

SABIA QUE

Nesta sala encontra-se uma cópia do Index Librorum Prohibitorum, o índice de livros proibidos pela Igreja Católica.

A porta que divide o Piso Intermédio do Cárcere tem uma pequena abertura, servindo de passagem aos gatos que caçavam os ratos da biblioteca e se escondiam no andar inferior.