O PROSEPE surgiu da convergência de uma série de ações, resultantes de um longo trabalho de investigação científico-pedagógica, cujo início se pode situar nos anos 80, altura em que, no Departamento de Geografia da Universidade de Coimbra, apareceram os primeiros trabalhos científicos sobre o tema.
De facto, durante essa década de 80 e no início dos anos 90 do século passado, foi desencadeada uma série de conferências e de ações de formação destinadas não só a professores, mas também a guardas florestais e vigilantes da natureza, bem como ciclos de palestras, especialmente vocacionadas para a sensibilização dos jovens estudantes. Estas ações constituíram aquilo que poderemos chamar o embrião do PROSEPE.
Por isso, no ano letivo de 1993/94, com alguma naturalidade e a título meramente experimental, surgiu um Projeto piloto, de âmbito nacional, coordenado pela Universidade de Coimbra e envolvendo todas as entidades intervenientes na defesa da floresta contra incêndios, designado: A floresta é imprescindível à vida, vamos todos defendê-la do fogo.
O sucesso desta experiência, que se pretendia manter de carácter nacional, implicava uma organização logística que não existia e que não era fácil instituir de um dia para o outro, razão pela qual, tendo em conta o princípio da precaução, no ano letivo seguinte (1994/95), se entendeu vinculá-la apenas à região Centro.
No entanto, devido à sua crescente aceitação, nos anos letivos seguintes foi irradiando paulatina e progressivamente, primeiro, em 1995/96, em direção ao Nordeste transmontano (distritos de Bragança e Vila Real), e, depois, a toda a região Norte, tendo passado a incluir os distritos do Entre-Douro-e-Minho (Viana do Castelo, Braga e Porto), bem como ao Nordeste alentejano, por inclusão do distrito de Portalegre (1996/97). O crescimento continuou, alargando-se não só ao Sul do território (1997/98), mas também às regiões autónomas da Madeira e dos Açores (1998/99), tendo assim passado a abarcar todo o território nacional.
Este crescimento resultou do reconhecimento da utilidade do PROSEPE por parte de diversas entidades, designadamente de quatro Ministérios: Administração Interna; Agricultura e Desenvolvimento Rural; Educação e Ambiente, por nele terem visto um projeto pedagógico de grande alcance e de baixo custo, com impactes positivos na educação cívica e para a cidadania tanto das crianças,como de adolescentes e jovens estudantes, que assim ficavam mais consciencializados das suas responsabilidades cívicas, enquanto cidadãos e, ao mesmo tempo, eram particularmente sensibilizados em termos de educação ambiental e, de modo muito especial, para os problemas dos espaços florestais e para a defesa da floresta contra incêndios, numa clara componente de educação florestal.
Entretanto, quando se começavam a recolher frutos deste investimento, vicissitudes várias, sobretudo de natureza política, levaram a uma substancial e progressiva redução do apoio financeiro (que foi nulo em vários dos últimos anos) e, quando existiu, com grandes atrasos na sua disponibilização, o que fez reduzir substancialmente não só as atividades desenvolvidas nessas condições, mas também o número de Clubes da Floresta que as dinamizavam.
Apesar desses contratempos, muitos Professores não esmoreceram, pelo que, no ano letivo de 2012/13, o PROSEPE celebrou 20 anos de existência a “Prevenir os Incêndios Florestais pela Educação”, tendo assim adquirido o “título” nacional do maior e mais longo PROjeto de Sensibilização de Educação florestal da População Escolar, ano em que se decidiu terminá-lo por nítida falta de apoio financeiro.
Todavia, o Governo de então não quis arcar com essa responsabilidade e prometeu manter um apoio, devidamente quantificado, para os próximos três anos letivos, razão pela qual se iniciou um novo ciclo trienal. No entanto, uma vez mais, a mudança de responsáveis na tutela fez com que os compromissos financeiros assumidos não tivessem sido cumpridos, o que voltou a inviabilizar o normal funcionamento do Projeto.
Nestas difíceis condições, não nos restou outra alternativa que não fosse a de honrar o compromisso assumido com os Clubes da Floresta, mantendo assim, embora com níveis mínimos de funcionamento, o Projeto durante o triénio 2013/14 a 2015/16, e uma vez terminado este ciclo, a de o encerrar definitivamente.
Terminamos parafraseando um antigo responsável governamental a quem, por diversas vezes, ouvimos comentar:
Que pena que os nossos governantes não tenham percebido a dimensão deste Projeto e a sua capacidade de mobilização a tão baixo custo. A Floresta de Portugal saiu prejudicada!
A árvore do PROSEPE, como qualquer outra árvore, nasceu, cresceu, desenvolveu-se, frutificou e produziu sementes. Quando estava mais pujante e frondosa, a sua sombra fez com que fosse ofuscando algumas ambições pessoais, o que teve como resultado a transformação de muitas delas em intempéries que, paulatina e sucessivamente, começaram por decepar os ramos mais frágeis e, pouco a pouco, foram estiolando a própria árvore, até a conduzirem à morte anunciada.
Só não previram que as sementes, os Clubes da Floresta, tivessem germinado e fossem capazes de continuar o seu desenvolvimento, autonomamente, como está a acontecer, felizmente para a floresta.
Desto modo, enquanto lhes for permitido sobreviver
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Os Clubes da Floresta continuarão a ser os olhos mágicos e vigilantes que a floresta não possui! |
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Luciano Lourenço (Geógrafo, Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Coimbra)
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Nota: | Esta página manter-se-á ativa para que possam ser consultadas algumas das atividades que foram desenvolvidas, com altos e baixos, durante os 23 anos em que o Projeto PROSEPE decorreu. A informação, sendo incompleta, dá uma ideia do que foi o projeto. |